retrovisor

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sábado, 16 de abril de 2011

O banheiro do boteco...

Geralmente nas trilhas não paramos no “matinho” para fazer xixi. Tudo por minha causa, imagine só, eu com aquela roupa de trilha toda complicada de tirar e colocar, agachada no “matinho”. Já pensou se aparece alguém? Como faço para me vestir rápido? Não tem jeito...
Sempre paramos em botecos nos vilarejos por onde passamos para beber alguma coisa e usar o banheiro, é cada lugar horrível, mas não me importo muito com isto.
Certa vez fizemos um passeio em Cocais e não encontrávamos nem um “botequinho” para parar. Eu já estava hiper, super, mega apertada e nada de encontrar um banheiro. Finalmente, num lugarejo, encontramos um daqueles bares horrorosos de beira de estrada. Quando paramos o Luiz olhou lá pra dentro e me perguntou se eu realmente queria entrar ali. Eu nem respondi, já desci da moto quase sem conseguir andar de tanta dor e com as pernas travadas e caminhei em direção ao boteco. Quando olhei lá pra dentro quase caí dura. Só tinha ali, duas mesas de sinuca, umas prateleiras cheias de cachaça e muuuuuuuuitos bêbados jogando sinuca. “Fechei” a cara e perguntei onde era o banheiro. Nem se eu quisesse, eu conseguiria sair dali sem ir ao banheiro. Um deles me respondeu que era numa “casinha” no quintal e me mostrou a porta para o tal lugar. Agradeci e segui para lá sem nem olhar para o lado.
Era realmente um quintal de terra batida com várias casas voltadas para ele e cheio de gente batendo papo, crianças correndo, uma verdadeira bagunça. Lá bem no meio de tudo, um cômodo até bem grande com uma portinha que, com certeza era o banheiro. Eu nem sei como cheguei lá... Mas enfim cheguei. Mais do que depressa tirei minha roupa e sentei no vaso. Foi então que eu vi... As paredes eram cheias de buracos de quase vinte centímetros de diâmetro cada. Era como se tivesse sido atacado por guerrilheiros. Parecia de propósito o banheiro bem no meio de tudo e todo esburacado. Eu acho que era a diversão do pessoal dali.
E o que eu podia fazer? A primeira idéia era me vestir e sair dali correndo. Pensei por uns instantes e me lembrei de uma história que meu pai contou: - Quando ele era pequeno encontrou o priminho caminhando de olhos fechados. Ele o parou e perguntou por que ele estava andando com os olhos fechados. O priminho disse que havia ganhado uns doces da tia e teria que passar no meio de outras crianças com as mãos cheias de barrinhas de doce de leite e como ele não queria dividir com os outros meninos ele fechou os olhos para que eles não o vissem e seguiu em direção a sua casa.
Pois então, fechei os olhos para que ninguém me visse, como se isto fosse possível, e fiz o que precisava fazer.  Que alívio!!!
Ainda de olhos fechados me vesti e então saí de lá. Pena que tinha que abrir os olhos para conseguir sair, se fosse possível eu só os abriria quando estivesse bem longe dali.
Passei pelo boteco e agradeci, quando cheguei à moto o Luiz, que não teve coragem nem de descer, me perguntou se estava tudo bem. Eu disse que sim, mas que eu gostaria de sumir dali beeeeeeeem rápido. Depois com calma eu contei a ele como era o tal banheiro do boteco.
Solange

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