retrovisor

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sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tombos e sufocos

                                                Na trilha do batom...Com nossas filhas

Por duas vezes participamos da trilha do batom, que como eu já expliquei anteriormente é uma trilha especial em que os motoqueiros se reúnem e dão às suas namoradas e esposas uma “colher de chá” e as levam na garupa para fazer uma trilha. Geralmente são trilhas mais leves sem muita aventura e conseqüentemente sem muitos riscos.
Como eu e o Luiz saímos em motos separadas participamos de uma destas levando nossas filhas conosco. A Laís que na época tinha uns 16 anos e era mais magrinha veio na minha garupa, a Andréia foi com o Luiz na Falcon.
Esta trilha tinha ponto de encontro, hora marcada para saída e tudo mais, diferente da outra da qual participamos, meio que, por acaso.
 Encontramos com toda a turma na saída de Timóteo. Eram muuuuuuuuuitas motos! O destino, a lagoa Teobaldo que é considerada a lagoa mais profunda e mais “alta” de Minas. Estavam participando também o Beto (que sempre saía para as trilhas conosco) e a Rosane, sua esposa e o Fernando com a Aparecida (amigos de longa data). Esperamos todos chegarem e então saímos.
                        
                                                Só elas...as margens da lagoa

                       
                                                Só eles...imitando a  foto delas!
Alguns dos participantes que são mais apressadinhos seguiram na frente até um ponto de encontro. Neste local existe um barranco de uns quatro metros de altura e é praticamente vertical. Ficamos na parte de baixo olhando alguns subirem com as motos, é uma loucura! A impressão é que não conseguiriam e as motos cairiam para trás... Mas ninguém caiu ou se machucou. Foi um verdadeiro show de perícia... Ou atrevimento... Sei lá!
Ficamos tão atordoados com o espetáculo que nem pensamos em tirar fotos ou filmar no momento em que subiam ä "parede de terra". Que “peninha”... Não podemos mostrar o que eles fizeram...
                           

                                   Ao fundo, o "paredão" que eles escalavam.
Continuamos, e entre os participantes havia alguns que organizavam e reuniam toda a turma. Eles saíam na frente com os mais velozes, depois de certo tempo na dianteira, pediam para parar e esperar os demais e então retornavam para orientar quem estava mais atrás. Era muito interessante o sentimento destes, de que o grupo deveria estar junto mesmo que tivessem ritmos diferentes.
      Depois de passarmos por estradões de terra bem tranqüilos, alguém se queixou da falta de emoção. Eu estava adorando, pois como não tinha o costume de carregar “garupeiro” eu estava estranhando um pouco e conseqüentemente achando muito bom que não tivéssemos emoção nenhuma. Há, se eu soubesse quem foi que pediu emoção... Eu o enforcaria!
Um dos organizadores sugeriu que pegássemos um atalho. Era um trecho de muita lama e subida bem íngreme. Quem está na chuva é para se molhar, não é assim que se diz? Pois então, fomos acompanhando o grupo...
O primeiro obstáculo foi um lamaçal pelo qual passamos, todos muito bem. Mais a frente uma curva bem fechada. Eu perdi o Luiz de vista, ele estava alguns metros a minha frente. Neste dia estávamos com nossos rádios de comunicação e eu comecei a ouvi-lo falar rápido e coisas que eu não conseguia entender e logo após alguns gritos...
 Perguntei o que era e ele não me respondeu, continuou falando coisas estranhas.
Eu terminei a curva e dei de cara com “subidão”. Acelerei a moto para dar conta de subir, pois afinal ela não era muito potente e ainda com a Laís era provável que não conseguisse. Eu fui com tudo! Mas não percebi que havia alguma coisa acontecendo no meio da subida. Eu só vi quando cheguei lá. Era o Luiz tentando levantar a moto dele. Como a estrada era estreita... Não dava para eu passar. Advinha o que aconteceu? Fui pro chão com a Laís e tudo! Caiu a família toda. Hoje ainda brincamos: Família que cai unida permanece unida. Felizmente ninguém se machucou. Ficamos todos cheios de hematomas e dores pelo corpo, mas estava muito bom que ninguém quebrou nada.
                        
                                           Família que cai unida... Permanece unida!
Alguns motoqueiros que já haviam passado voltaram para nos ajudar e outros que ainda estavam subindo pararam antes e também vieram nos socorrer. O Luiz ajudado por outros subiu com a Falcon. Eu, como tremia muito pedi a um dos participantes que subisse com a minha e com a Laís o resto para mim. Eu subi a pé!
Segundo o Luiz a moto dele derrapou e ele a acelerou mais do que devia. Como a traseira estava pesada por causa da Andréia a moto levantou a frente e os dois caíram.
Já no topo do morro peguei a moto novamente, ainda um pouco tremula e continuamos até nosso destino, a lagoa Teobaldo. Ficamos por ali alguns minutos admirando e fotografando aquele lugar lindo.
                         
                                               Saíndo da lagoa Teobaldo
Depois de algum tempo, saímos de lá para almoçar com destino a pousada da Serra, que é um lugar muito agradável para se hospedar ou mesmo passar o dia ou almoçar. Eu, é claro, não passei pelo atalho. Fui pelo caminho mais longo e seguro.
Chegamos e o almoço já estava servido. Que comidinha gostosa! O seria a fome? Não era a fome, a comida de lá é realmente muito gostosa.
                 
                         
                          Almoçamos com nossos amigos...Beto, Rosane, Fernando e Aparecida
Depois do almoço andamos um pouquinho para fazer a digestão e tomamos o rumo de casa. Alguns ficaram... Outros voltaram pelo mesmo caminho e nos pegamos outro trajeto.
Foi um passeio muito emocionante... Apesar do tombo. A Andréia e a Laís falam desta trilha até hoje e volta e meia, nos pedem para fazer outra.

Solange


A maior de nossas aventuras!

No sábado dia 27 de janeiro de 2007, a dois dias do meu aniversário, quando completaria meus 45anos, levantei cedo, como sempre fazia. Levei o carro do Luiz para lavar e quando voltei, pensando que ia dormir mais um pouquinho... Ele já me esperava para sairmos de moto. Como o tempo estava feio e durante a semana havia chovido muito, eu estava com um pouco de medo de sair. Apesar de gostar muito de pilotar, eu sempre fico assim. Achei que era o medo normal, de todas às vezes!
Preparamo-nos e depois de colocarmos todos os apetrechos, tipo joelheiras, cotoveleiras, luvas, capacete, roupas de trilhas, botas e o rádio de comunicação... Saímos em direção a Cocais (uma região de lindas montanhas no Vale do Aço). Abastecemos, calibramos os pneus e seguimos nosso caminho.

A subida para cocais...
Normalmente é um tremendo desafio! Desta vez estava tão tranqüila, que parecia ser a nossa prática que enfim vencia todos aqueles obstáculos com facilidade. Acredito que não era bem isto, mas sim a “calmaria prenunciando a tempestade que nos aguardava”.
Se a subida estivesse muito ruim voltaríamos correndo para casa dali mesmo, com já fizemos algumas vezes Más com estava tudo bem, nós continuamos a subida
Como sempre, depois de subir muito e descer bastante, paramos no bar do “ZECA”. É um boteco, tipo “venda” de cidade do interior onde tem de tudo... De cachaça a peças e ferramentas para motocicleta. Fica na beira da estrada, próximo a um vilarejo. Pedimos só um refrigerante e uma água, não tomei toda a água e pedi ao Luiz que a colocasse na moto dele para tomarmos mais tarde.
Alguns motoqueiros de Ipatinga já estavam lá quando chegamos. Eles tentavam enxergar o que estava dentro da vitrine de salgados, só se via vapor... Mas mesmo assim, eles conseguiram ver, ou adivinhar que havia, ainda, alguns espetinhos de frango. O Zeca, apesar de ser um boteco, tipo copo sujo, vende uns salgadinhos muito gostosos e uma costela de porco assada no bafo que é uma delícia.
Os motoqueiros não anunciavam qualquer problema por onde passaram. O caminho de onde vieram não tinha muito a ver com o trajeto que queríamos fazer. Mesmo sem ter nada a ver com a nossa rota, ficamos tranqüilos por saber que estava tudo bem por onde eles passaram.

O início da aventura:

Mesmo sem saber qual era o estado da estrada por onde passaríamos, resolvemos seguir para a cidade de Mesquita via Achado, um pequeno lugarejo muito pobre.
Cachoeira em Achado
 Tudo parecia muito bem até começar a descida. Eis que surge um caminhão atravessado na estrada, estragado e com o “focinho” enfiado num barranco. Pensei em voltar dali mesmo! Um rapaz saiu de baixo do caminhão e disse que dava para passar pelo cantinho, entre o caminhão e a cerca de arame farpado. O Luiz, sem sequer me perguntar se eu queria me arriscar, se enfiou por onde o rapaz mostrara e sumiu por trás do grandalhão. Fui atrás, morrendo de medo... Mas fui. Depois que passei, minhas pernas tremiam tanto que não dá para descrever. Além de ter que passar ali tão apertadinho entre o caminhão e a cerca, eu ainda não podia fazer feio porque, como sempre, todos ficam espantados me olhando. - Uma mulher pilotando! E é lógico, duvidando que eu conseguisse ou até mesmo esperando por uma vídeo cassetada.
Começou então a nossa aventura, ou loucura ou desventura ou sei lá o que?
O trajeto até Mesquita é muito interessante. A estreita estrada de terra desce em zig-zag ladeada por barrancos e ribanceiras e em vários trechos é cortada por um pequeno riacho que desce lá de cima. Eu acho que desce das nuvens, para tornar o passeio e a paisagem ainda mais maravilhosos.
Ao contrário da subida para cocais, a descida para Mesquita estava prometendo muita surpresa. Para nossa infelicidade, os buracos e obstáculos começaram logo. A idéia de voltar não era muito estimulante, por causa do caminhão atravessado na estrada. Voltar não seria muito fácil! Esta estrada, que, como eu já havia dito é muito estreita, se tornava, em alguns trechos, ainda mais estreita, hora por causa de algum barranco caído ao longo da pista, hora por causa de algum pedaço dela que descera ribanceira abaixo. Sem falar nos areais, pedras, buracos e nos trilhos que a chuvas constantes haviam feito.

Até pirraça eu fiz...

Foi num destes trilhos que eu fiz uma birra danada! Quando o trajeto é muito difícil eu fico brava demais com o Luiz, eu acho que meu subconsciente o culpa pelas dificuldades, pelo fato de ele ter me feito sair para a trilha e até por eu ter tirado a carteira de motociclista. Bom, o fato é que quando eu vi aqueles trilhos profundos (trilhos são buracos longos paralelos a estrada) eu parei a moto, desci e fiquei esperando que o Luiz olhasse para trás. Ele sempre vai à minha frente e volta e meia dá uma olhadinha para ver se eu ainda estou lá. - Eu acho que ele fica com medo de me perder. Literalmente falando. Quando ele olhou, eu fiz sinal para ele parar. Ele parou, e eu então gritei: -Eu não desço aí, vem buscar minha moto! Ele parou a moto desceu e subiu um trecho bem longo a pé para buscar a minha cabritinha. Eu a chamava de cabritinha porque, apesar de ser uma XR125 não muito possante, ela sobia morro super bem, más para descer... Eu a achava muito leve e acredito que por isto ela não descia bem comigo que também sou leve. Eu morro de medo! Principalmente com a estrada naquelas condições. A estrada estava mais apropriada para a prática do “Trial” do que para trilha. O Luiz buscou a moto e eu desci a pé atrás dele. Eu confesso que até a pé estava difícil!

O ziguezague do riacho:

Continuamos a descida e logo o riacho começou a cruzar a estrada. É um momento de tensão, pois a moto passa dentro d’água. Corre-se o risco de cair em um buraco dentro do riacho ou pegar em uma pedra e cair. E então, alem de levar um belo banho, o tombo pode danificar a moto. Apesar de ter pouca água e da extensão ser pequena, não foi muito fácil atravessar, desta vez, porque a entrada e a saída do riacho estavam em péssimas condições.
O Luiz me disse que ele cruza a estrada em seis pontos. Bom, só faltavam cinco. Era muito estimulante pensar nisto! O estômago ate dói. O fato é que em cada obstáculo, eu pensava em voltar más, ao mesmo tempo pensava que tudo ia melhorar e que o que passou com certeza era muito pior do que, o que viria. Eu sou até bem otimista, não é?
Este trajeto que estávamos fazendo, em minha opinião, é um dos mais belos, más também é normalmente um dos mais arriscados e perigosos. As belezas compensam as dificuldades! São inúmeras quedas d’água, lindos vales, uma vegetação interessante, longas e espessas moitas de bambus. Em alguns pontos podemos ver os “mares de morros” das nossas Minas Gerais. Realmente, é um passeio que vale à pena!

As “más” noticias...

Continuamos descendo até que cruzamos com uma camionete, o motorista nos perguntou se o caminhão ainda estava parado. Ele nos informou que ele estava ali já há três dias. Este fato nos preocupou muito, pois com certeza há três dias ninguém transitava por ali. Isto se confirmaria em vários pontos adiante com o mato crescido na estrada.

Que doideira!

E a nossa descida continuava... De repente, encosta-se a minha traseira uma moto, que logo se emparelhou comigo. O motoqueiro, um garoto, me disse ter apenas 12 anos. Eu achei um absurdo, e disse a ele, que era muito novo para estar pilotando uma moto... Fiquei imaginando o que ele pensou. Eu é que estava muito velha para pilotar!
Dizem que os fazendeiros não gostam muito dos motoqueiros de trilha porque quando eles passam pelas fazendas, o barulho das motos assusta os animais que acabam se machucando ao correrem delas. Sabendo disto temos o maior cuidado quando cruzamos com bois ou cavalos.
 Desta vez nem todo o nosso cuidado foi suficiente. Algumas vacas e bezerros estavam na estrada e saíram em disparada quando nos aproximamos. Virou uma correria só. Era vaca pra todo lado, umas voltavam, outras se embrenhavam no mato, outras seguiam em disparada a nossa frente. Uma delas quase quebrou a pata, coitadinha!
Logo à frente... Um mata-burro, daqueles que ocupa quase toda a estrada. Tivemos que parar as motos, pois os bichinhos ficaram muito doidos!  Quase todos, voltaram. Um espertinho, muito inteligente, conseguiu encontrar um cantinho ao lado do mata-burro e fugiu. O danado do bezerro se escafedeu. Nos não machucamos nenhum deles, mas o fazendeiro deve ter tido muito trabalho para encontrar o bezerro espertinho.

Que folgada!

Um pouco depois do mata-burro havia uma descida muito íngreme e novamente cheia de trilhos da chuva, desta vez resolvi encarar com coragem, aquele desafio. Comecei, a descer... No meio da descida eu travei e não consegui mais prosseguir. O Luiz, que já estava quase lá em baixo, olhou para trás e me viu ali parada.
Eu não sou tão medrosa como ficou parecendo...  Acontece que as condições da estrada estavam muito ruins! Só mesmo alguém muito experiente para encarar. Eu só pilotava há quatro anos! E ainda havia alguns fins de semana que nos não saíamos de moto por causa das chuvas. Tudo isto pesava! A falta de experiência, as dificuldades extremas do trajeto e o medo tremendo que estava tomando conta de mim. Minhas pernas tremiam, minha boca amargava, meu estômago doía, eu soava frio... Apesar de tudo eu sempre pensava: Voltar jamais, tudo vai melhorar.
Quando olhei para o Luis novamente eu o vi com a moto caída. Segundo ele; ele se distraiu me olhando... Que conversa! Eu acho que foi nó mesmo. Mas tudo bem, ele deixou a moto dele caída e subiu tudo a pé para buscar, mais uma vez, a minha moto. Ele a colocou logo depois da dele numa parte plana da estrada. Eu desci a pé alegre e saltitante, subi na cabritinha e já ia saindo tranquilamente quando ouvi o Luiz me gritar:
- Sua folgada! Você não vai me ajudar a levantar a minha moto, não?...
Que folga a minha mesmo! A moto dele é uma Falcon, muito pesada. Sozinho ele nunca conseguiria levantá-la. Voltei e o ajudei! Mais que minha obrigação, não é?

Chega de medo! De stress! Relaxa!

            Resolvi relaxar e curtir as paisagens que surgiam a nossa frente, à minha direita uma cachoeira lindíssima. Ela estava cheia de água por causa das chuvas. Eu nunca a vira daquele jeito, tão cheia!... Parecia até brincadeira! Não é que por me distrair com a cachoeira eu derrapei e minha moto quase que foi pro chão? Consegui segurá-la, mas pensei: _Nem relaxar eu podia, mais? Nesta hora eu pensei: _Está tudo tão ruim que só falta chover! E adivinha o que aconteceu? Logo, logo começou a chuva.
Resolvi relaxar!
Aí é que a moto escorregava de verdade! Parecia que estava numa pista de patinação. A sorte, se é que se pode chamar de sorte, é que não choveu por muito tempo.


Olha o riacho aí gente!

E o riacho ia surgindo a nossa frente, cada vez mais largo e mais cheio, e nós... Nem para imaginar o que poderia acontecer mais a frente. Continuamos descendo e atravessando. A cada travessia o Luiz fazia a contagem regressiva: Só faltam mais dois... Só falta mais um... Acabou!
Para nossa surpresa, lá estava ele novamente. Só que desta vez, mais parecia um rio. Um rio de verdade. E era... Naquele ponto existia uma ponte, descobrimos que ela estava dentro do rio e toda destruída. O que fazer? Voltar? Talvez... Dava até desanimo pensar em encarar tudo novamente.
O Luiz resolveu procurar por informações numa fazenda mais a frente e seguiu a pé. Fiquei esperando, muito desanimada, pensando na volta. Ele voltou correndo, todo animadinho, dizendo que havia visto umas vacas atravessando o riacho mais à frente. E que se as vacas passaram nos passaríamos por ali também. E lá fomos nós nos embrenhando mato adentro para atravessar. Meu Deus, o homem ficou maluco! Atravessar ali? Ele dizia: _Se as vacas atravessaram, nos também podemos! Ele podia! Eu não! Cadê a coragem? O riacho estava super largo uns cinco metros e bem profundo. E o que é pior a margem oposta estava muito ruim e muito estreita obrigando o piloto a virar imediatamente depois que saísse da água. Uma manobra muito complicada!
_Vamos voltar Luiz?  Eu não consigo fazer a manobra da margem oposta!Eu pedia, embora a idéia de voltar, me desse até arrepio.
_Pode deixar que eu atravesso as duas motos! Exclamou ele, muito decidido.
E foi! Pegou primeiro, a minha moto, que como ele diz:_ Ela mais parece um velocípede! Comparada com a dele.
Ele conseguiu!
Atravessou com um pouco de dificuldade, mas foi! A água em alguns momentos chegou ao tanque da moto. Ele então voltou para buscar a outra, a mais difícil. E nem para tirar as botas, para não molhar muito! Neste momento meu coração disparou pra valer! Eu fiz tanta promessa!...
_Nunca mais eu ando de moto!... Assim também não! Vou rever a minha promessa.
_Nunca mais eu ando de moto depois de tanta chuva. Assim ficou melhor!
_Eu quero completar meus 45 anos na segunda feira e ainda casada com meu maridinho lindo!
Eu resmungava parada ali só observando meio desesperada:
_Porque eu não fiquei dormindo, hoje até à hora do almoço? Nada disto estaria acontecendo?...
E o danado conseguiu!
Ela ziguezagueou, tremeu, rebolou. E conseguiu! Ele é fera mesmo!
Eu então atravessei a pé, também não pensei em tirar as minhas botas para não molhá-las. É muita burrice, não é? Elas ficaram simplesmente ensopadas!
                                                                     Tirando a água da bota...
Do outro lado resolvemos descansar um pouco, tirar os peixinhos de dentro das botas, torcer as meias e confabular sobre tudo o que estava acontecendo. Aproveitamos a parada para tirar umas fotos nossas. Foi então que começamos a ver porque a estrada estava cheia de mato: De um lado uma ponte caída. Do outro um caminhão atravessado. Não passava ninguém por ali! Más o pior ainda nos esperava, até porque estávamos apenas na metade do caminho!

E a aventura continua...

Enfrentamos ainda alguns pontos da estrada com muita areia. Um trecho em que mais da metade da estrada estava ocupada com uma barreira que caiu. Tivemos que passar na beirinha da ribanceira...
De repente um atoleiro enorme! O Luiz começou a bater o pé no chão para se segurar. Eu toda decidida, com a minha moto, que é mais leve que a dele, fui em frente. Parei logo depois dele achando que estava tudo certo. Certo o que? Ao atravessar na frente dele ele teve que parar. E ai?  
Ele atolou!
E eu também... Atolei!

Desci da moto e a empurrei até chegar à terra firme. Voltei para ajudá-lo. Ele empurrando de lado e à frente dela e eu por trás, mas atrás mesmo!... Levei o maior banho de lama da minha vida! Eu tinha que ficar de lado, e não por trás. Para descontrair um pouco a tensão, ele me disse que eu estava linda, mesmo toda suja. Eu estava uma verdadeira miss: “missbarro”.
                              
                                                     Eu e a cabritinha éramos barro puro!
Os últimos obstáculos eu passei firme e forte.
Quando eu vi o Luiz, mais a frente passando num cantinho estreito ao lado de uma vaca preta, morta, toda inchada e cheia de moscas, atravessada na estrada. Eu parei, e disse para mim mesma:
_Aí eu não passo! Já pensou se eu caio de cara nesta coisa preta e inflada? Eu já estava cansada, com fome, molhada de chuva, suja de barro, agora suja de vaca morta? Nem pensar! Aí eu não passo mesmo!
Mais uma vez o Luiz voltou para atravessar a minha moto. E desta vez ele ficou bravo demais!
 – Mas não é possível você passa em lugares piores do que este e agora amarelou?
_ Eu não te entendo!
Eu nem respondi! Fiquei bem caladinha.
Dá para acreditar? Frequentemente pilotamos por longos trechos, por varias horas sem que eu tenha umas crises de medo como tive nesta trilha? Raramente eu peço a ele que atravesse minha moto nos obstáculos. Eu sempre penso: Se ele consegue, é lógico que eu também consigo. Deus me fez mulher, muito melhor que ele, homem. Há... Há... Há... Mas desta vez estava muito difícil! Difícil mesmo!

Que burrinho, hein? Ou será que é bezerrinho?

            Como voltar estava ficando cada vez mais inviável tínhamos que continuar. E novamente nós encontramos outras vacas com seus bezerros, desta vez resolvemos parar e esperar até que elas tomassem seus rumos. A maioria passou por nos e sumiu estrada a fora.    Um único bezerro ficou, e não ia para lugar algum. Ligamos as motos e começamos a andar bem devagar em sua direção com a intenção de fazê-lo retornar e seguir as vacas. O bichinho, desta vez não era muito inteligente! A gente andava, e ele andava também. Parávamos e ele parava também. E ficava nos olhando.
Foi então que eu tive uma idéia!
Falei com o Luiz para parar, desligar a moto e ficar olhando para outro lado e não mais para o bezerro.
E assim fizemos: viramos para um morro ao lado do bezerro e fixamos o olhar num ponto bem alto do morro. Ficamos assim por algum tempo. Percebendo que o bezerro não se mexia, resolvi olhar disfarçadamente o que ele estava fazendo. E qual foi a minha surpresa? O idiota estava ali, paradinho, olhando para o morro assim como nós. Aí não teve jeito ligamos as motos e continuamos o nosso caminho, com um “bezerro batedor” a nossa frente. Até que ele encontrou um desvio na estrada e sumiu no mato...

Desistir nunca! Seguir sempre em frente.

            Seguíamos firme no propósito de chegar a Mesquita quando novamente começou a chover paramos e colocamos nossas capas. Era para não molhar muito e para nos aquecermos, pois com a chuva o frio havia aumentado. Apesar dos pesares, os pastos estavam verdinhos, as cachoeiras cheias, os rios caudalosos, a criação sadia e gordinha. Dava gosto de ver!
 Neste trajeto existem poucas fazendas, e por este motivo raramente cruzamos com pessoas. Passamos por uma das poucas fazendas existentes e vimos de longe dois homens e duas mulheres, trabalhando. Seguimos em frente e encontramos outra fazenda que mais parecia estar abandonada, não se via ou se ouvia nada."
                                        A ponte sumiu!!! A força das águas levou a ponte...
 E lá fomos nós até que “derrepentemente”, como diz um cliente meu. Cadê a estrada?  A estrada havia sumido dentro de um buraco! Paramos as motos e nos dirigimos ao buraco para ver o que havia acontecido.
Um pequeno riacho, mas muito pequeno mesmo, passava por baixo da estrada naquele ponto, através de umas manilhas de concreto. Deduzimos que, as chuvas foram tão fortes que aumentaram muito o volume de águas e as manilhas não suportaram. Foi tudo embora, água, manilha e estrada! Era uma cratera de uns três metros de profundidade por uns quatro metros de largura. Lá no fundo estavam os pedaços de manilhas e o tímido riachinho. Estava lá todo inocente como se ele não tivesse feito aquela bagunça toda.
Agora não tinha outra saída o jeito era voltar mesmo. Más ainda assim demos uma caminhada ali por perto para ver se não havia outro meio de atravessar. E nada!... Subimos nas motos e tomamos o rumo de volta.
Ai que pavor! Enfrentar tudo novamente.
E pior ainda, o Luiz disse que estávamos só há sete Km de Mesquita. Mas não tinha outro jeito... Voltamos. Ao passarmos pela fazenda em que vimos umas pessoas trabalhando o Luiz resolveu entrar para perguntar se não existia outro jeito de chegar a Mesquita. Ele é muito persistente não é?
De longe mesmo, um senhor nos respondeu que aquele era o único jeito de chegar lá. Disse ainda que, mais cedo, um homem de moto com um garoto na garupa havia atravessado tranqüilamente o buraco. E aí sabe o que fizemos? Voltamos para o buraco...

Foi então que vimos... “a porca torcer o rabo”

E aí começou uma aventura que valeu por todas as outras. Entramos a pé no buraco para analisarmos melhor a situação. As margens do buraco eram muito inclinadas, seria uma loucura descer ou subir por ali. Pegamos uma estaca de madeira de uma cerca que desceu junto com a água e começamos a escavar o barranco para torná-lo um pouco menos íngreme. Não conseguimos muita coisa, mas ajudou um pouco. Não tínhamos nas motos nenhuma ferramenta, nada para ajudar nem uma corda para puxar se fosse preciso. Eu tinha certeza que era impossível passar por ali. Mas o Luiz... Tinha certeza que dava para passar. Ele é mesmo muito persistente, mas também é muito consciente e responsável. Mais uma vez resolvi acreditar nele e topei tentar atravessar as motos, só que eu só ia fazer torcida e ajudar se ele precisasse, pois novamente ele iria atravessar as duas motos, sozinho.
Pegou a minha primeiro que seria mais fácil, e desceu buraco abaixo. Eu quase tive um filho de medo. Desceu bem, e parou lá embaixo.  Eu desci para ajudá-lo
Então, ainda sobre ela, com os pés no chão e eu por trás, empurrando, tentamos fazê-la subir. E nada... Ela voltava!
 Paramos a cabritinha ali mesmo, dentro do riacho, bem no meio do buraco.
O desespero aumentou! Embora em nenhum instante, perdemos o bom humor. Saímos do buraco para pensar no que fazer.
Sempre que minhas filhas se queixam de alguma coisa, eu falo com elas para não reclamar muito, pois se está ruim... Pode ficar muito pior... E era o que estava acontecendo. Não ter como seguir caminho estava muito ruim! Más, ficou muito pior! Agora, ainda estávamos com uma das motos dentro do buraco sem poder sair. Corríamos o risco de ver a moto descer por água a baixo, igual à estrada, se começasse a chover novamente. Paramos uns instantes, na beira do buraco para pensar e conversar.
Estávamos famintos, nossos estômagos não paravam de fazer barulho, eles não nos deixavam escutar nossos próprios pensamentos. Já eram duas horas da tarde e só havíamos tomado o café da manhã às 8 horas. Depois disto eu só tomei meia garrafa de água e o Luiz uma coca-cola no bar do Zeca. Antes tivéssemos comido a costela assada no bafo, que como eu já disse, é uma delícia! Não tínhamos nada para comer em nossa mochila, só o resto da água que havia sobrado, nós a dividimos irmã-mente. Isto ajudou um pouco a enganar a fome. O medico havia diagnosticado uma gastrite em mim, há poucos dias e uma de suas principais recomendações era: eu me alimentar de três em três horas. Eu imagino como estava o meu estomago a aquela altura! Acido puro! Eu já estava meio trêmula, um pouco tonta e vendo uns pontinhos pretos na minha frente. Eu acho que era por causa da fome.
Tomei uma decisão.
_Vou buscar ajuda!
_Chega!
_Eu quero voltar para casa hoje ainda! Sã e salva!
 E saí decidida em direção a tal fazenda abandonada que eu havia mencionado. Ela  era a mais próxima de onde nós estávamos.
_Não é possível, deve ter alguém lá.
Eu fui a pé, deixei o Luiz lá pensando em outra saída.
No caminho eu tropecei numa manga linda, cheirosa, mas muito pequena. Para eu dividir com o Luiz não ia dar nada pra ninguém. Resolvi comê-la sozinha! Afinal do pé de onde caiu aquela, com certeza, teriam outras. Depois eu apanharia uma para o Luiz comer. Eu nem olhei para cima, para confirmar se o pé estava carregado ou não. Tratei de comer a manga, com casca e tudo. Ela era tão pequena, que se eu tirasse a casca não sobraria nada. Estava deliciosa! Nunca comera coisa tão maravilhosa! O que a fome faz, hein?
Continuei caminhando até chegar a tal fazenda.
Fui entrando, e de repente surge diante de mim um boi chifrudo, gordo, grande e preto. Devia ser o marido daquela vaca morta da estrada. Só que ao contrário dela ele estava muito vivo, e se dirigia em minha direção.
Eu acho que eu já estava anestesiada! Não tive medo nenhum! Olhei bem para ele e falei, não sei se comigo ou com ele: _Eu não estou com medo de você! Seu grandalhão! Já passei tanto aperto hoje e estou tão cansada que se você acha que eu vou sair correndo, você está muito enganado! Se quiser me fazer medo, vai perder seu tempo! Não vai ter este gostinho, não! Se quiser me pegar pode vir, mas não vai fazer muito vantagem, pois eu não vou demonstrar nenhuma resistência.
Gente!...Eu acho que ele ouviu! Virou as costas e foi embora!

E tudo começou a melhorar!

 Comecei a ouvir vozes que vinham da estrada que estava a poucos metros de mim. Eram os dois homens e as duas mulheres que havíamos visto na outra fazenda. Eles estavam indo a pé em direção ao grande buraco para atravessá-lo. Na verdade eram duas senhoras de uns 60 anos, um senhor com a mesma idade delas ou mais e um homem de uns 25 anos, muito alto e forte.
 É... Talvez só o homem mais jovem pudesse nos ajudar a sair daquela enrascada! Mesmo não acreditando que poderiam nos ajudar em alguma coisa... Eu gritei e pedi ajuda. O senhor respondeu que se eu pagasse bem, ele até poderia ajudar.
Eu acho que era brincadeira dele!
Eles seguiram pela estrada e eu por dentro da fazenda.
Lembrei-me de passar pelo pé de manga. Queria pegar, pelo menos uma para o Luiz. Minha consciência estava pesada! Que surpresa a minha! Não havia nenhum pé de manga ali por perto! Eu acho que alguém deixou cair, só uma única ali, para eu pegar e aplacar a minha fome. Enfim, o que fazer? O Luiz ficaria sem comer! E eu continuaria com a consciência pesada...
Chegamos juntos, finalmente no buraco! O rapaz e o senhor desceram juntos com o Luiz, buraco abaixo para tentar tirar a minha cabritinha de lá. Ela desta vez me decepcionou! Não queria subir de jeito nenhum!
Começou a operação resgate! O Luiz de um lado, o homem do outro e o senhor mais à frente, puxando.
Eu fiquei junto com as duas senhoras do lado de fora só olhando. Eu estava muito nervosa e com vontade de descer para ajudar. As mulheres não paravam de falar! Contaram que aquele buraco estava ali há vários dias. Que um rapaz se acidentou numa cachoeira há alguns quilômetros dali e que a ambulância de Mesquita conseguira chegar só ate no buraco. O acidentado teve que chegar até a ambulância de maca. Conclusão: ele não resistiu e morreu. Aquela conversa só aumentava a minha tensão e o meu desespero.
Os três dentro do buraco... E enfim, conseguiram tirá-la de lá!
Que alívio! Uma a menos.
O que mais nos animava é que, segundo eles, depois do buraco a estrada estava boa.   Agora era hora de passar a “bitelona da Falcon”. O Luiz desceu pilotando e quase caiu lá embaixo. Ela chegou a tombar! O homem teve que correr para acudi-lo e não deixá-la cair. Eu, não quis nem saber, deixei as duas mulheres falando sozinhas e desci também. Eu tinha certeza que só eles três não conseguiriam tirá-la. Eu acho que nem nós quatro conseguiríamos. E quer saber? Eu acho que Deus pensou o mesmo que eu. Por um milagre, vinha vindo, saindo de não sei onde, em nossa direção, um rapaz carregando um cacho de bananas verdes. Eu então gritei e pedi-lhe que nos ajudasse. Ele desceu e se uniu à força tarefa. E fomos nós!
Todos se ajeitaram e... É um... É dois... É três...
 O Luiz escorregou!
Quase caiu! Bem na hora!
 Quase que nosso esforço foi por água a baixo, mas deu certo e conseguimos tirá-la de lá.
Que alívio! Estávamos salvos, poderíamos, até que enfim ir para casa via Mesquita!
Agradecemos a todos e enquanto nos preparávamos para sair, cada um seguiu seu caminho. Combinei com o Luiz de dar ao rapaz das bananas dez reais e aos outros, também para que tomassem uma cerveja.
Peguei o dinheiro com o Luiz e seguimos atrás deles. Logo, logo nos os encontramos. Entreguei o dinheiro para o rapaz das bananas. Ele me agradeceu muito, e disse que havia trabalhado até àquela hora sem receber nada. Que graças a Deus pelo menos dez reais ele ia poder levar para casa. Ele afirmou ainda que estava sem comer o dia inteiro,  que a pessoa que o contratou, furou com ele. Estávamos com muita fome também. Há... Se aquelas bananas estivessem maduras eu as teria comprado todas, para comermos. Os outros que estavam mais a frente não queriam aceitar o dinheiro de forma alguma. Continuavam caminhando como se eu não estivesse ali. Eu então parei a moto e gritei: Rogério! Venha cá! Era o nome do homem mais novo. De repente pararam todos, meio que surpresos por eu saber o nome dele. Eles não sabiam, mas eu tinha ouvido alguém chamar por ele. Então eu dei o dim dim  e disse-lhes para comemorarem, pois tinham feito uma grande boa ação naquele dia. Aí eles aceitaram
Continuamos, deixando-os para trás.
 A estrada estava realmente muito boa comparada com as anteriores, más não era nenhuma maravilha. Pouco a frente tinha um grande areal, o Luiz passou. A minha vontade era pedir que ele buscasse a minha moto, mais uma vez. Eu então reagi e me enfiei no areal. Só que quase saindo, eu parei e a moto não queria sair dali. O Luiz parou bem à frente e já se preparava para me buscar quando em fim eu consegui sair. Eu estava tão “lerdona” que não estava soltando o freio! E, é lógico, a moto não saía do lugar. Bem, barbeiragens a parte conseguimos, enfim chegar a Mesquita!

Chegamos a Mesquita... De Mesquita para casa!

A primeira coisa a fazer era comer alguma coisa. Entramos em uma padaria. Entramos nada... Eu estava tão suja e molhada que não podia entrar em lugar nenhum! Sentei na porta da padaria e ali mesmo fizemos nosso pedido.
                                           Eu não pude nem entrar na padaria...
O povo da cidade não parava de nos olhar. Eu não sei por quê? Até parecia que chegávamos de uma guerra.
Conversamos ali sobre nossas aventuras e contamos alguns episódios para o dono da padaria. Eu, então fiz uma piadinha: Eu era uma grande companheira para o Luiz! Apesar de não gostar de jogo eu era sua melhor parceira de “buraco”! Enfiava-me em todos os buracos que ele arrumasse. Essa foi para retribuira piadinha da “missbarro” que ele fez.
                                                                               O Luiz teve que lanchar no passeio. 
De Mesquita à minha cidade são aproximadamente uns 35km de asfalto. Neste trajeto ainda passamos por umas poças enormes de água no asfalto. Que, diga-se de passagem, era fichinha perto do que passamos;
O Luiz quase entrou, com moto e tudo num carro do SAMU (serviço de urgência medica).
 Um carro me fechou. Coisinhas básicas e corriqueiras que acontecem com motociclistas.
Chegamos em nossa abençoada casa! E esta foi a melhor parte de todo o nosso passeio. Estávamos muito felizes e aliviados por estarmos de volta. Queríamos só tomar um banho e descansar. Agora era só contar esta aventura para todos.
E aí vai a nossa estória... E algumas reflexões.
Descobri que meu maridinho é mesmo, fera”.
 Sempre que achar que as coisas estão ruins pense bem: Elas podem piorar! E muito!
 Esta estória de voltar jamais! Às vezes não funciona. Não pense duas vezes se perceber que as coisas estão piorando. Volte! Não tem problema nenhum!



      No cocais presa na moto...

Quando comecei pilotar eu caía muuuuuito, aliás, eu caia de madura, era cada tombo tão ridículo, normalmente com a moto quase parada.
Um destes tombos foi em uma descida cheia de buracos no cocais. O Luiz não viu que eu havia caído e continuou.
Eu não me machuquei, mas fiquei com a perna presa na moto e por isto não conseguia me levantar.
Ele está sempre me vigiando pelo retrovisor, mas desta vez...
Eu fiquei ali deitada um tempão, esperando que ele voltasse para me ajudar. E nada! Já cansada de tanto esperar resolvi buzinar. Eu buzinei tanto qua a moto já estava ficando rouca. Enfim ele apareceu! Quando me viu ali caída ficou apavorado de ver a cena. Mas quando chegou perto, me viu morrendo de rir e ainda meio nervoso, finalmente me tirou de lá.



A descida do morro

                                                             Roselito em pleno vôo

Um grande sufoco que passamos foi quando resolvemos ver um grande amigo pular de paraglider.
Era o topo de um morro altíssimo, a estrada de acesso estava com muita terra solta e muita pedra. a subida não foi fácil, mas subimos, eu na Bros e o Luiz na Falcon. Faltando poucos metros para chegarmos parei a moto e pedi ao Luiz que deixasse a moto dele no topo e buscasse a minha, minhas pernas tremiam tanto que eu já não tinha forças para continuar. Eu literalmente morri na praia, pois faltava muito pouco.
Na volta... Eu simplesmente estava apavorada, quando resolvi parar e pedir ajuda ao Luiz percebi que ele estava com um problema muito maior. Ele não conseguia segurar a moto, pois ela é muito pesada e deslizava na terra solta e nas pedras.
A solução que encontramos foi que ele levaria minha moto trecho a trechos e depois buscaria a dele.  Eu iria segurando a moto dele por trás para fazer peso e dar mais equilíbrio. Eu não podia subir na garupa, pois a chance de cairmos seria enorme.
Imagine a cena: eu meio agachada segurando a traseira da Falcon e sendo arrastada ladeira abaixo, até que chegássemos onde minha moto estava e assim foi por todo o trajeto.
Mas valeu o sacrifício!
O lugar era maravilhooooooso!


                                                    Uma pausa para registrar o momento...




ELA CONSEGUIU FURAR QUASE TODOS OS PNEUS!

Trilha do batom


Eu e Luiz saímos num sábado e no The Cavas, um lugar em Cava Grande que serve uma traíra desossada maravilhosa, encontramos um grupo grande de motociclista que estavam fazendo a trilha do batom.
 A trilha do batom é uma trilha que os motoqueiros fazem normalmente uma vez por mês com as namoradas e esposas na garupa. O grupo nos convidou para participar da trilha, topamos, mas achamos melhor sair na frente, pois, como eles correm muito poderíamos ganhar alguma vantagem saindo na frente. Em certo ponto eles nos ultrapassaram e nós continuamos no mesmo ritmo.
Pouco a frente estavam todos parados. O pneu de um casal furou! Pediram-me que levasse a namorada do motoqueiro na minha garupa para que ele pudesse levar a moto para arrumar o pneu. Eu não topei, pois eu pilotava há pouco tempo e tive medo. Ela então foi à garupa do Luiz. Os motoqueiros continuaram num ritmo mais acelerado e nos num mais tranqüilo. Pouco a frente o pneu do Luiz furou também... O Luiz então me pediu que a levasse na minha garupa, novamente recusei. Como ficamos ali parados, sem saber o que fazer. Um dos motoqueiros deixou a namorada no alto do morro e voltou para ver o que havia acontecido. Ele então levou a moça em sua garupa. Eu e o Luiz ficamos para trás e seguimos mais devagar. Pouco a frente encontramos o motoqueiro parado com o pneu furado. Pela terceira vez a moto em que a moça estava furava pneu! Desta eu não tive como escapar... Sobrou para eu levá-la até a cidade de Marliéria onde os outros já nos esperavam. E o que era pior eu iria descer a serra com ela na garupa. Eu acho que descer é muito mais difícil que subir, a moto derrapa e segurá-la é mais complicado e ainda com uma carga perigosa daquela na garupa? “A moça que furava pneus”. Mas deu tudo certo e eu consegui chegar ao ponto de encontro com ela sem furar o pneu.   Nesta quem faturou foi o borracheiro, pois teve que arrumar os três pneus que ela furou, não se sabe como. A turma queria mandá-la de volta de ônibus! Coincidência???

Na BR 381
Muito poucas vezes circulamos pela BR 381... Nosso “negócio” é estrada de terra. Mas no vale do aço onde morávamos a rodovia liga e divide as três cidades que compõe a região.
  • Logo no inicio de nossas aventuras, com muito pouca prática, saímos de uma estradinha de terra para entrar na BR 381, já cansada da trilha e meio sem reflexo eu fiz a curva, mas calculei mal e fui saindo pela tangente, cheguei à BR quase dentro da valeta de água pluvial. Por pouco, muito pouco eu não caí dentro dela.
  • Também no inicinho, quando comecei pilotar estávamos em Timóteo e a BR 381 neste trecho tem muitos quebra-molas e semáforos, pois corta um bairro da cidade bem no meio. Por causa destes obstáculos o transito estava parado nos dois sentidos, o Luiz então saiu para cortar uma carreta enoooooooooooooooooooooooooooooooooooorme que estava parada ao lado de outra carreta maior ainda. As duas emparelhadas criavam um corredor bem estreito, mas que dava para uma moto passar, bem devagar para não esbarrar. A doidinha aqui não pensou duas vezes e foi atrás. Mal eu entrei no corredor as duas carretonas começaram andar. Imagine só... E eu ali... Bem no meio sem poder sair correndo e sem poder voltar. A minha vontade era fechar os olhos até que eu conseguisse sair dali... Mas acho que esta não seria uma boa coisa a se fazer. Eu encarei, segurei firme e fui me equilibrando e rezando para que aqueles motoristas estivessem me vendo e não resolvessem me espremer como se espreme batatas para um pirê. Quando consegui sair do meio das duas eu nem acreditava havia conseguido.

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