HABILITAÇÃO
O desafio
Minha vizinha e grande amiga Ângela, aprendeu a pilotar, tirou carteira e tudo. Quando o Luiz chegou com a moto nova, ela estava na porta do prédio, subiu na moto, ligou-a e acelerou só faltou dar umas voltinhas. Eu que estava na janela, vi tudo e quase morri... Afinal eu não poderia fazer nada daquilo a não ser ir à garupa dele. Ele havia me desafiado anteriormente dizendo que ia comprar uma moto, mas que eu só poderia andar nela se fosse pilotando. Para que ele me desafiou? Para que eu vi a Ângela na moto dele? Eu não resisto a um desafio. E então corri atrás de aprender e tirar a habilitação.
Os tombos
Eu caía tanto no período em que fiz moto escola que muitas vezes nem contava em casa que eu havia caído, algumas vezes eu ficava descadeirada e até mesmo machucada. Mas eu não queria que ninguém se preocupasse comigo.
Um dia ralei o joelho todo e não contei nada a ninguém. Eu não podia nem mancar... Mas na hora de dormir minha filha se sentou, a meu lado, na cama e no meio da conversa me deu um tapa no joelho. Imagina só o grito que eu dei. Ela ficou sem entender, pois nem foi tão forte assim o tapa que ela havia dado... Aí não teve jeito, tive que explicar o que havia acontecido.
Eu estava treinando às cinco horas da manhã e desci o “morro da Casa de Campo”, que era uma ladeira muito forte ao lado do Clube. Para variar caí e a moto desceu o morro escorregando, eu já tinha pulado fora. Quando ela parou, eu tentei levantá-la, mas na ladeira... Era muito difícil. Não aparecia uma viva alma àquela hora para me ajudar. E o meu joelho todo ralado, doía demais! Depois de um tempo surgiu um rapaz que me ajudou a levantá-la. Ele então me disse que era o máximo que podia fazer por mim, pois não sabia pilotar e eu teria que levá-la embora mesmo com o joelho machucado.
Eu caía à toa, do nada e até parada. Por duas vezes eu caí saindo do meu prédio, em uma destas, tive que pedir ajuda a uma moça que passava para me ajudar a levantá-la, pois a moto estava na rampa da garagem. Em outra, na esquina da minha rua, e os amiguinhos das minhas filhas estavam todos me olhando. Imagina que vergonha para mim. Mas eu caí, levantei a moto e segui sem ajuda de ninguém. E eles... Eles fingiram que não viram nada, talvez para eu não ficar muito constrangida. Eu imaginei que iriam rir em coro. Eu achei o máximo a discrição deles.
Em um de meus tombos durante as aulas o instrutor me perguntou se eu havia machucado, eu disse a ele que não o corpo, mas o ego e o orgulho estavam completamente destruídos.
Neste período eram tantos os tombos que o examinador me mandou procurar a psicóloga da Moto Escola. O melhor é que ela me perguntou o que eu fazia depois que eu caía... Respondi que me levantava, levantava a moto e continuava a aula. Ela perguntou então se no dia seguinte eu retornava para fazer a aula. Eu disse que sim. Ela então me pediu que chamasse o instrutor, pois, ele sim estava precisando de psicólogo e eu apenas de arrumar um instrutor melhor e treinar mais.
O balde d’água
O novo instrutor me aconselhou a comprar uma moto e treinar fora do horário de movimento. O Luiz como sempre me deu o maior apoio e prontamente providenciou uma moto CG 125 usada. Eu treinava todos os dias antes das 6:00 horas da manhã e depois das 21:00 horas.
Por treinar de madrugada eu passei por alguns apertos. Eu ficava fazendo o slalow (ziguezagues) e andando em círculos no mesmo lugar em uma rua sem saída e super tranqüila. Bom... Eu acho que não estava agradando muito aos moradores dos prédios daquela rua. Um deles jogou em cima de mim uma balde de água suja, a sorte é que não me acertou, mas passou bem pertinho e eu levei um susto enorme. Passei a não treinar mais ali.É claro né?
A amante
Em outro dia, uma mulher que estava a caminho da missa me cercou no meio da rua. Eu achei meio estranho, mas achei prudente parar, tirar o capacete e ouvir o que ela tinha a me dizer.
Foi o melhor que eu fiz!
A mulher estava intrigada porque eu passava por ali, na frente da casa dela todos os dias no mesmo horário. Ela queria saber quem eu era, o que eu fazia, onde eu morava e muito mais. Depois de responder o questionário calmamente ela me disse que estava achando que eu era a amante do amante dela que a perseguia há mais de 15 anos. Eu achei que era muita loucura da cabeça dela, mas enfim...
Vai que eu não paro... Essa maluquinha era capaz de querer me jogar umas pedras... Hoje eu acho até, que ela gostou de mim. Não podia me ver na rua que vinha correndo conversar comigo.
Perseguindo uma Senhora
Subindo uma rua movimentada da cidade, durante uma aula, uma senhora estava atravessando logo a minha frente. Parece até que eu estava brincando, ela ia para um lado eu ia atrás, ela saia fora eu ia atrás, o instrutor, que estava na garupa, teve que assumir a direção para eu não atropelá-la. Eu acho que se ele não assumisse, eu passaria por cima dela... Ou ela por cima de mim?
Porque não desistir?
Neste período eu pensava em desistir, pois afinal eu não precisava daquela carteira, eu não tinha mais idade para pilotar uma moto, minha mãe ainda fala... Você sempre foi tão ajuizada... Depois de velha perdeu o juízo! Que história é esta de pilotar moto?
E ainda por cima eu caia mais que andava. Porem eu não queria passar para minhas filhas que no primeiro obstáculo ou na primeira queda a gente desiste. Eu queria dar exemplo de persistência e perseverança. E eu acho hoje que foi uma grande lição para elas.
O exame
Antes do exame pedi a Deus que abrisse meus olhos para todos os obstáculos, fechasse os olhos do examinador para os meus erros e que tirasse do meu caminho todo e qualquer obstáculo.
E não é que um caminhão estragou no trecho mais problemático da área de exame, o morro do clube e a policia interditou este trecho.
Eu consegui dar continuidade ao exame, apesar de cometer uma falta gravíssima e ficar super nervosa depois de levar um grande susto com um motoqueiro que gritou ao meu lado para me assustar. E o examinador relevou a única falta, porem gravíssima que cometi depois do susto.
E EU PASSEI!!!!!!!!!!!
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